segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A ESCOLA PÚBLICA 1.


 A Escola Pública e sua decadência.

 Constantemente se ouve “antigamente era tudo decoreba, cultura inútil, escola elitista”. Isso passou a ser o bordão de muitas palestras. Condenar o velho para se implantar o novo.
Sabemos que houve o tempo da palmatória, das reguadas, dos beliscões, de ajoelhar no milho e outras formas de castigo inadmissíveis na atualidade. Também não peguei essa época, ou onde estudei não havia esses castigos. Recentemente, participei de um curso para professores de matemática, falando sobre a leitura nas aulas de matemática, como se fossemos professores alfabetizadores. Escola onde estudei, no Grupo Escolar Jardim Santo Eduardo em 1968, quando tirei o diploma do antigo “Primário”, cujo meu professor chamava-se “Sr. Leonardo”, eu tenho fotos da minha formatura até hoje.
Para nossa primeira aula, fizemos um relato das primeiras experiências com as letras e a escola. Ouvi histórias tenebrosas, saídas de um filme de terror. Professores carregados de preconceito de raça e outras barbaridades. Sinto-me privilegiado por ter estudado em escola cuja filosofia não incluía esses castigos. Eu nunca sofri um castigo desses e nunca vi na minha sala alguém que tenha sofrido, pelo menos nunca presenciei esse fato. Este é um lado da escola antiga, mas não era regra da mesma e nem todo professor adotava esses métodos.
O outro lado nos mostra um aluno empenhado em aprender, em estudar, pois era pra isso que frequentávamos os bancos escolares. Os pais apoiavam os mestres. O sistema educacional passou por inúmeras mudanças: a primeira delas eliminou as notas e passou-se aos conceitos. Ninguém mais seria reprovado por décimos como costumava acontecer.
Os conceitos levaram ao Conselho de Classe; para se reprovar um aluno o Conselho deveria dizer sim ou não. Havia ainda o recurso, se não concordasse com a decisão, o aluno poderia pedir revisão.
Quanto aos processos de alfabetização passou-se do silábico para o construtivismo, ou seja, do Ba, Be, Bi, Bo ,Bu , das cartilhas com lições prontas, para o processo da própria criança  CONSTRUIR seu conhecimento, por associações e semelhanças.
No papel, tudo muito bonito, entusiasmos, alegrias. Mas a realidade era outra. Que professores aplicariam, ou utilizariam esse processo? Estavam eles preparados? Cursos de uma semana, ou durante o recesso escolar, levariam os mestres, a saber, exatamente como agir em sala de aula? Não! Impossível. Não se faz mudanças de uma hora para outra. Sofreram os alunos e sofreram os mestres. Mestre sim, pois foi outra coisa que foi tirada dos professores, além da honra, o respeito, a dignidade. O aluno com seus 11/12 anos (doze), na sexto ano (5ª série) sem saber ler e/ou escrever, isso é uma coisa ridícula, e o pior o professor de matemática tem que ficar alfabetizando alunos assim, deixando toda a matéria para trás.
Aliado a isso, a sociedade mudou completamente. O mundo andava devagar, as notícias demoravam a chegar, as mudanças eram lentas. O Brasil levou 470 anos para ter 90 milhões de habitantes e de repente, em 40/43 anos passou a +- 200 milhões. Evidentemente esse boom populacional trouxe mudanças sociais profundas. As escolas incharam, a escala de valores da sociedade mudou seu eixo. Passou-se a cultura do corpo em detrimento do desenvolvimento da mente. Tudo passou a ser permitido.
Professor perdeu sua autoridade, porque os pais também a perderam. Quem mandava agora eram os filhos e os pais só obedeciam. Reflexo disso foi para a sala de aula, a nova educação, uma nova forma de família. O ensino não mais poderia ser o mesmo. A vida passou da TV / cinema mudo em preto/branco, para uma vida em clipe colorida. Tudo muito rápido e os professores precisavam atrair a atenção dos alunos com malabarismos que nem eles mesmos sabiam se não derrubariam os malabares. A escola do circo e das brincadeiras. Estudo sério, responsabilidade, provas, cobrança está muito maleável, senão como dizem as pedagogas, as crianças ficam traumatizadas.
Aliado a tudo isso, as drogas entraram na vida cotidiana das famílias de tal forma que os pais passaram a serem os usuários e as crianças a conviver com isso. Os ídolos passaram a serem os bandidos e não mais os mocinhos. “E agora, José?” O que ensinar?  A quem ensinar? Para que ensinar? A sociedade precisa encontrar seu rumo para que a escola encontre o dela.
Em 1988, o então Governador Orestes Quércia instituiu uma política de gratificações destinada exclusivamente aos professores da ativa, discriminando o professor aposentado. Mas não era só isso, tinha uma armadilha no meio, depois do plano Bresser Pereira, os salários dos professores ficaram sempre defasados da inflação oficial e real, acarretando perdas substanciais no decorrer das décadas.
Durante mais de duas décadas de existência, essa política de perdas salariais marca os objetivos de transformar os professores numa classe desfavorecida e sem dignidade. Parte inferior do formulário
Muitos artigos têm sido publicados sobre o abandono da profissão dos docentes, nestes últimos anos. Tais publicações revelam o descontentamento, a perda da esperança de muitos profissionais em seu ofício de ensinar/de educar.
“Por ano, três mil professores desistem de dar aula nas escolas estaduais de SP. Dados obtidos com exclusividade pelo ‘Estado’ revelam migração média de 8 docentes por dia para as redes municipais e particular e também para outras carreiras; salários baixos, pouca perspectiva e más condições de trabalho motivam o abandono. (Por Paulo Saldanha, do Estadão)”.
A manchete acima foi publicada no Estadão e o texto chama nossa atenção para o número elevado do abandono da própria profissão no magistério público. Condições precárias de trabalho, baixa remuneração, desencanto com o próprio labor, desrespeito e violação de seus direitos, etc., fazem com que o professor busque uma solução e, infelizmente, não por covardia ou por falta de vocação, encontra como única alternativa o desistir!
Este fato está ocorrendo por todo o Brasil, não é um problema de um estado específico. Em todo nosso País a Educação é aviltada, desconsiderada, relegada a um segundo plano. Veja a afirmação do professor Juvenal Lima Gomes, de Minas Gerais, que faz considerações sobre o dia em que desistiu de ser professor: “Meus alunos me surpreenderam, no dia mais triste de minha vida como professor, eles choraram a minha desistência: “Professor, não nos abandone!”… Preocupado com o que eu diria para eles como motivo, preferi a verdade. ESTOU SAINDO PORQUE NÃO CONSIGO ME SUSTENTAR NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS. Como são crianças, muitas não entenderam o que eu queria dizer e me responderam novamente com o choro mais desolador que já vi ou causei em toda a minha vida”.
Professor Juvenal, não somente seus ex-alunos choram por sua desistência. Todos nós, que consideramos a EDUCAÇÃO como um fator primordial à transformação de um povo, lamentamos o sucateamento das escolas estaduais, choramos com você, especialmente nós professores que convivemos, depois de anos e anos de dedicação ao magistério, com o declínio vertiginoso da escola pública, com o declínio vertiginoso do nosso salário… Poderemos desistir de nossa profissão agora?! Poderemos desistir do nosso “pão minguado de cada dia”?! Paulo Freire nos diz: “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho’.
Hoje, necessitamos de professores que ensinem, e bem, até que “Eva viu a uva”. Contudo necessário considerar que se o descaso com a Educação prosseguir, não teremos mais professores para dar ao menos este primeiro passo. Deste modo, acontecerá a triste realidade de termos professores, sim, que transmitirão este tipo de conhecimento: “Eva vio a uva na xuva”. No andar da carruagem, se não houver reversão, tal fato não será impossível de ocorrer!
Por acreditar que tal política estabelecia um tratamento desigual e injusto entre ativos e aposentados, um grupo de professores idealistas de São Paulo iniciou uma luta para restabelecer o respeito e a dignidade desses Profissionais de Ensino. Além de se reunir para pôr em pauta as reivindicações da categoria, o grupo partiu para ações concretas. Associação tem sido a luta e a persistência pela recuperação do respeito e da dignidade do Professor ativo/aposentado através de seu principal objetivo: a extensão, incorporação das gratificações, concedidas aos professores em atividade e não repassadas aos aposentados.
Evasão do Corpo Docente/concurso. Resultado da segunda etapa do concurso para professores será divulgado na terça-feira (24). Candidato terá acesso ao desempenho na prova dissertativa e ao resultado da avaliação do concurso
Serão divulgados a partir da próxima terça-feira, dia 24/12/2013, os resultados da segunda etapa do maior concurso da história do magistério paulista. Os candidatos podem verificar o resultado na prova dissertativa e também a avaliação de títulos. Esta consulta é individual e para ter acesso é preciso informar o CPF no site da FGV, empresa responsável pela realização do certame. O comunicado foi publicado no Diário Oficial deste sábado (21).
No dia 12 de dezembro, os candidatos puderam verificar os resultados das questões objetivas. A aprovação nesta primeira etapa garantiu a correção da parte dissertativa. Os resultados agora serão avaliados e a previsão é que a classificação geral seja divulgada até o final de janeiro.As provas aos candidatos foram aplicadas no dia 17 de novembro. Ao todo, foram registrados 322,7 mil inscritos, um recorde em comparação ao último concurso de 2010, quando foram 260 mil inscrições (elevação de 24,1%).
O concurso é voltado a educadores que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio das disciplinas de Arte, Biologia, Ciências Físicas e Biológicas, Educação Física, Física, Filosofia, Geografia, História, Língua Espanhola, Língua Inglesa, Língua Portuguesa, Matemática, Química, Sociologia ou para atuar nas áreas da Educação Especial.
O salário de um professor que leciona para classes de anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, com jornada de 40 horas semanais, é de R$ 2.257,84, podendo chegar a R$ 6.390,78 de acordo com a evolução funcional. A rede estadual paulista tem uma política salarial que prevê um aumento escalonado de 45% até o ano que vem. Em 2014, a remuneração inicial deste docente chegará a R$ 2.415,89. O valor do piso pago pelo Estado de São Paulo é 44% superior ao piso nacional.
Mais uma vez vemos o engano, pois mais de um terço dos nossos salários são retirados pelos impostos no final de cada mês, pelo menos no meu holerite acontece assim. No tempo de “Tiradentes” tinha o “quintos dos infernos”, mas agora temos os terços dos infernos. Basta ir no mercado fazer compras e ver a quantidade de impostos que pagamos, é só olhar o ticket (cupom ) de compras. O pessoal que fez aprova de Matemática, achou super difícil, ficaram mesmo indignados com a nota de corte: 35 pontos.
Aposentados: Ao passo em que o grupo crescia, os mestres aposentados viam os seus proventos defasados em relação aos profissionais da ativa. Com garra e determinação, os professores aposentados começaram a luta na Assembleia Legislativa, cobrando a Deputados da Comissão de Educação apoio às reivindicações. Entidades representativas do Magistério também foram visitadas, em busca de um trabalho conjunto. Pelo Interior do Estado, associações locais foram convidadas a se reunir e fortalecer o movimento surgido na capital. Estou começando a ficar preocupado com a aposentadoria, como fazer para reverter essa situação problemática, no meu caso, ou é no geral?
Foi no dia 18 de outubro de 1994, durante uma Assembleia Geral de Professores Aposentados realizada na cidade de Ribeirão Preto, com profissionais de todo o Estado, que o grupo decidiu oficializar a criação da própria Entidade de classe, dando origem à Associação de Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo. Em 2013, prestes a completar 19 anos de existência e mais jovem do que nunca, a Apampesp é uma realidade, com uma Sede Central na capital paulista. Juntas, elas incorporam um time de 22 mil associados em todo o Estado. Com um corpo associativo fortalecido e um Departamento Jurídico atuante, além da luta na esfera estadual, a Apampesp deixa a sua marca como participante ativa da Comissão Consultiva Mista do Iamspe, em defesa da saúde do Professor Aposentado. A Entidade também se destaca pela presença marcante em Brasília, onde acompanha de perto a movimentação de projetos que envolvem o Aposentado do Magistério Público.

 

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